Por Lucas Teixeira (Estudante)
Em sua música “XS” (acrônimo para a palavra excesso em inglês), a cantora nipo-americana Rina Sawayama faz uma crítica ao consumismo desenfreado e à influência do capitalismo no cotidiano. Trazendo essa questão para a realidade, o consumo excessivo rodeia a sociedade contemporânea, e a aquisição consciente de mercadorias tem se tornado um desafio perante a era digital, especialmente considerando a volatilidade do mercado e as estratégias midiáticas para vender, as quais necessitam de resistência por parte do consumidor, o que é o principal obstáculo.
A princípio, vale ressaltar que a rapidez e a efemeridade dos produtos ofertados no mercado atual têm despertado o espírito consumista na população, classificando-se como primeiro desafio. Ademais, a pressão social imposta sobre o meio digital, que incentiva o público a buscar por atualizações constantemente, explicita ainda mais a velocidade tanto das relações sociais, como da funcionalidade do ambiente comercial, particularidade da contemporaneidade descrita pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman em seu livro “Modernidade líquida”, no qual o pensador critica a fluidez e a desvalorização dos processos envolvidos nas relações da atualidade.
Por outro viés, as estratégias midiáticas utilizadas para ampliar as vendas, apelando para propagandas enganosas e criando falsas necessidades no público-alvo, tornaram-se outro obstáculo para alcançar o consumo consciente. Ainda nesse contexto, a implementação de algoritmos, os quais sugerem uma ampla variedade de produtos com base nas pesquisas do usuário, e o surgimento de produtos importados em lojas on-line que colocam seus produtos como essenciais para o consumidor, incentivam constantemente a manutenção do mercado de aquisição massiva e altamente consumista, como é visto em lojas como Shopee e SHEIN.
Dessa maneira, cabe ao Governo Federal garantir que o consumidor tenha consciência plena de seu dever como comprador, por meio de cartilhas educativas nas ruas, a fim de educar a população acerca das compras on-line. Além disso, a regulamentação de propagandas oriundas de países estrangeiros, que chegam ao país por meio das redes sociais e trazem abordagens enganosas acerca de seus produtos, é essencial para garantir o controle do consumismo. Outrossim, é fundamental a amplificação da ação do Conselho Nacional de Auto-regulamentação Publicitária (Conar) para atuar na orientação das propagandas nas redes sociais vindas de meios externos, com objetivo de regularizar o consumo excessivo na era digital, como criticado por Rina em sua canção.
*Texto produzido na Oficina de Redação do Professor José Roberto Duarte