Redação

Como escrever uma boa redação no vestibular
A prova de redação dos vestibulares do país visa a avaliar a capacidade de expressão na modalidade escrita da língua portuguesa. O candidato, geralmente, deve produzir um texto dissertativo com base em um tema especificado pela banca elaboradora da prova e na norma culta da língua.
De acordo com o professor de redação Vinícius Carvalho, a maior dificuldade do aluno ao tentar escrever uma boa redação é, justamente, começar: “O aluno que não faz um planejamento do que vai escrever perde minutos preciosos olhando a folha em branco”.
Para desenvolver sua capacidade de redigir textos, segundo o professor, o aluno deve, primeiramente, ler textos escritos por outras pessoas. Dessa forma, o indivíduo habitua-se ao discurso escrito e internaliza suas formas intrínsecas. “Além disso, o aluno deve atentar para a forma de seu texto, pois este deve adequar-se à tipologia cobrada pela prova. É importante que ele se lembre de que cada tipo de texto tem características próprias”.
Uma redação espontânea e natural, que possa agradar os dois lados da comunicação - o do vestibulando e o do examinador -, é uma boa dica. Para que isso aconteça, é essencial que o estudante mantenha-se atualizado aos acontecimentos do país e do mundo, lendo jornais e revistas e participando de debates. Assim, antes de produzir o texto, o aluno terá um bom conteúdo crítico e poderá decidir qual é o seu posicionamento frente ao tema, a fim de delimitar que aspectos ele irá abranger. “É fundamental que esse recorte seja dado para que o aluno construa sua linha de raciocínio. A partir daí, ele deve selecionar os argumentos que embasarão a exposição de seu ponto de vista. Com esse planejamento, o aluno já está pronto para escrever”, enumera Vinícius.
Escrever bem é redigir com clareza, coerência, coesão e objetividade, tendo-se em mente o uso da criatividade como ferramenta essencial para esse processo. Os critérios de avaliação mais abrangentes referem-se ao desenvolvimento do tema, à observância da apresentação, à tipologia textual, ao domínio da expressão escrita e à adequação à norma culta, como diz o professor: “Períodos longos, que atrapalham a leitura e confundem o avaliador; mera listagem de argumentos, sem aprofundamento das idéias; pontos finais separando orações principais e suas subordinadas são alguns dos erros mais cometidos”.
Embora caligrafia não conste dentre os quesitos avaliados pela banca, estudos comprovam que a letra influencia o avaliador. “Uma pesquisa colocou, dentre as redações corrigidas por um mesmo avaliador, dois textos idênticos quanto ao conteúdo, mas redigidas com letras diferentes - um padrão bom e um ruim. O texto com “letra feia” recebeu notas mais baixas na esmagadora maioria das vezes”, revelou Vinícius.
Até por influência das aulas de geografia e dos dados fornecidos nos jornais, alguns vestibulandos inserem estatísticas em suas provas de redação a fim de demonstrar domínio do tema. O aluno pode, mas deve evitar, nas argumentações, dados excessivos, porcentagens. “Só não pode inventá-los para dar maior credibilidade a seus argumentos”, aconselha Vinícius, “A banca quer que o aluno contextualize, discuta e conclua com suas próprias inferências o tema proposto”.
Afinal, como escrever bem? “Escrever, escrever e escrever. Só treinando o aluno conseguirá definir seu estilo de escrita, construir um discurso próprio, desenvolver autocontrole e aprender a articular suas opiniões. Deve escrever com simplicidade, usando palavras comuns, mas sem usar gírias ou linguagem coloquial. Não basta o aluno saber todas as normas gramaticais. Ele deve ter conteúdo crítico acima de tudo”, conclui o professor.