A polêmica envolvendo a votação na Câmara de projeto de lei que autoriza convênio de R$ 350 mil para a realização do Iguatu Natal de Luz neste ano transpõe o bom senso e soa como oportunismo e revanchismo da bancada de oposição que ameaça não votar e muito menos aprovar o recurso financeiro. Nos anos anteriores, o Iguatu Natal de Luz não sofreu nenhuma ameaça de deixar de ser realizado. Em 2012, inclusive foi apresentado em Fortaleza, Juazeiro do Norte e em Crato, recebendo rasgados elogios do público daquelas cidades. A maioria dos vereadores que hoje fazem oposição apoiava a administração até agosto passado.
Desconfiança
O clima na Câmara é de eleição para a mesa diretora. No próximo dia 15, os parlamentares decidem quem vai presidir o legislativo mirim nos dois anos seguintes. Há acirramento. A queda de braço envolve até mudança no regimento da casa com a proposta de voto aberto. A manobra almeja expor o vereador e evitar quebra de acordos e fragilização da oposição. A forma de votação, aberta ou secreta, vai gerar acusações e fragmentar ainda mais os grupos ali representados, principalmente os opositores que desconfiam um dos outros e têm conflito de liderança.
Bastidores
Quem só assiste ao Natal de Luz na avenida, não conhece a realidade e todo o trabalho para a sua realização. São inúmeras equipes montando carros alegóricos, ensaiando coreografias, estudando esquemas de segurança e o bem-estar dos participantes. Centenas de jovens e adolescentes envolvidos nos desfiles estão distantes de vulnerabilidade social, uma vez que ficam ocupados com ensaios e com as apresentações. Formam caráter de colaboração, companheirismo e têm sua autoestima elevada quando aplaudidos pelo público são reconhecidos como verdadeiros artistas.
Retorno
Ainda que haja investimento elevado, há retorno através de impostos e de serviços. Milhares de pessoas assistem aos desfiles. São consumidores locais, turistas, iguatuenses que moram fora e que visitam suas famílias, muitos programam com antecedência a viagem para ver o Natal de Luz.
Papel do vereador
Vereadores contrários alegam que há prioridades em outras áreas. É papel do legislador questionar, fiscalizar, debater e propor alternativas e resoluções para os problemas que atingem os cidadãos. Como parlamentar eleito pelo voto direto do povo, merece respeito, ainda que não se concorde com as decisões por ele tomada. Mas é evidente que o recurso proposto não vai resolver os problemas de moradia, iluminação, saúde, educação, infraestrutura... Daí apela-se para o bom senso e que seja ouvida a voz das ruas.
