Depoimento de ex-secretária complica a vida de Sergio Guerra e Agripino Maia

Dois vídeos ganharam, na tarde desta sexta-feira, dimensão nacional na internet, ao apresentar a secretária Domingas Gonçalvez Trindade, de 40 anos, durante depoimento à Divisão de Repressão aos Crimes Contra a Administração Pública (Decap), da Polícia Civil do Distrito Federal. Ela confirmou denúncias contra o ex-governador Joaquim Roriz; o presidente do PSC-DF, Valério Neves; os senadores Sérgio Guerra (PSDB-PE) e José Agripino Maia (DEM-RN); o empresário Eduardo Badra; e o ex-diretor da Belacap (estatal responsável pelo serviço de ajardinamento e limpeza urbana do DF), Luís Flores. Todos são acusados de se beneficiar de um esquema de desvio de dinheiro envolvendo a Qualix, empresa que faz o recolhimento do lixo no DF.

Os vídeos foram obtidos pelo repórter Carlos Carone, do Jornal de Brasília, e publicados na edição do diário, nesta sexta-feira. O jornalista confirmou que Domingas Trindade apresentou à polícia os documentos que comprovam a existência de “um esquema que, até então, não tinha o respaldo de tantos elementos. Ela acusa Roriz, Valério, Agripino e Guerra de receberem propina proveniente de contratos firmados entre o GDF e a Qualix”, disse Carone.
No vídeo, dividido em duas partes, Domingas confirma à polícia a distribuição de propina aos envolvidos e apresenta as provas documentais. “Ela apresentou aos delegados extratos telefônicos que confirmam contatos constantes entre os envolvidos. A ex-secretária fazia o serviço a mando de seu chefe, Eduardo Badra – que, à época, era diretor da Qualix. Domingas tinha como função organizar a agenda do patrão, além de fazer depósitos bancários e o que chamou de ‘serviços particulares”, acrescenta Carone.
Domingas apresentou, ainda, os lacres bancários emitidos pelo Banco Central que tinham a marcação de R$ 50 mil cada – são seis, num total de R$ 300 mil.
– Depois de dois, três meses, o doutor Eduardo passou a confiar em mim e fiquei responsável pela chave de um quarto, em uma casa no Lago Sul, onde guardavam o dinheiro. Era tanto dinheiro que ocupava uma cama de casal inteira. Eu cheguei a pegar um dos maços e pensar que ele seria capaz de resolver a minha vida – contou, no depoimento.

Denúncia
O jornalista Leandro Fortes, em sua página no Twitter, confirmou no início da noite o que teria dito a assessoria de imprensa dos senadores citados na matéria que publicou, semana passada: “Quando denunciei Sérgio Guerra e Agripino, a assessoria demo-tucana me avisou para não dar crédito a uma empregada doméstica… Toma!”.
Em seu texto, na revista Carta Capital, Fortes afirma que “os senadores Maia e Guerra responderam por meio de assessores de imprensa. Guerra, ponta de lança da ofensiva udenista montada pelo PSDB para atacar a candidata do PT, Dilma Rousseff, foi eleito deputado federal pelo PSDB de Pernambuco em 3 de outubro. Ele admite ser amigo de Badra há 30 anos, desde que se conheceram em uma exposição agropecuária. Segundo ele, o vídeo apreendido pela PF cir-cula por Brasília desde 2006 e, garante, trata-se de uma armação contra ele e outros políticos. ‘Entre mim e o Eduardo nunca houve outro relacionamento senão o de amizade, que vai continuar”, avisa.
Ainda segundo o jornalista, “Maia foi ainda mais econômico com as palavras. Garante não ter nenhuma relação com Badra, de quem só se lembra de ter encontrado, ‘anos atrás’, para tratar de uma proposta da Qualix para se instalar no Rio Grande do Norte. O senador do DEM afirma ter sido procurado por outros órgãos de imprensa para falar sobre o mesmo assunto, mas que estes teriam se desinteressado logo depois de confrontados com a versão apresentada por ele”.
Procurada pelo Correio do Brasil, a assessoria de Comunicação Social da Polícia Civil confirmou, em nota, a existência da investigação, a cargo da DECAP – PCDF, que, entretanto, corre em segredo de Justiça”.

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