Edilmo Costa, ex-prefeito de Iguatu

Em entrevista concedida ao Jornal A Praça, edição 452, de 21 de novembro de 2009, o ex-prefeito  Edilmo Costa diz porque mudou de partido. EIe também fala sobre o fim da aliança política com Marcelo Sobreira e de sua pretensão de concorrer a uma vaga na Assembleia Legislativa do Ceará. As alianças que têm feito para as próximas eleições, os planos para 2010/2012, a campanha ao lado do ex-governador Lúcio Alcântara, e os pleitos que pretende defender no parlamento estadual em defesa do Centro-Sul, Edilmo fala na entrevista.

A Praça - Há pouco mais de um mês, o meio político nacional foi bastante movimentado com o entra e sai de filiados nos diversos partidos. No Ceará, não foi diferente. E circulou a notícia de sua filiação ao PR - Partido da República, mesma sigla do ex-governador Lúcio Alcântara. É verdade?

Edilmo - É verdade sim. Filiei-me ao PR, que é presidido no Ceará pelo ex-governador Lucio Alcântara. Mas para mim, PR quer dizer Partido do Roberto, o ex-deputado estadual e federal e atual prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa, político honesto, trabalhador, competente e, sobretudo, amigo solidário. Roberto Pessoa é meu amigo desde que milito na política como candidato há 14 anos e de lá para cá a minha admiração pelas suas qualidades tem sido sempre crescentes. Foi ele por fim quem mais me incentivou a postular uma cadeira na Assembléia Legislativa. São motivos fortes para hoje eu ser filiado ao PR.

A Praça - Por conta de sua filiação ao PR, houve comentários de um radialista num programa local indagando como vai dar certo o senhor se filiar a um partido, que em Iguatu é comandado pelo prefeito Agenor Neto. Como é que o senhor explica esse comentário?

Edilmo - Foi um comentário capcioso e desinformado. O PR em Iguatu pode até já ter tido vínculo com Agenor Neto, entretanto, hoje ele tem outra marca. A atual Comissão Executiva Provisória é composta por 7 amigos da minha inteira confiança e até mesmo todos os antigos filiados do partido tiveram as suas filiações canceladas, embora posteriormente, caso interesse a eles e à Comissão, alguns poderão voltar a se filiar. A pessoa que fez o comentário está totalmente desinformada ou então o fez maldosamente com o intuito de plantar dúvidas na cabeça dos que tomaram conhecimento da notícia.

A Praça - É do conhecimento de todos que o senhor é muito ligado ao prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa. De acordo com as últimas movimentações políticas, as decisões tomadas pelo prefeito e o grupo político que o apoia, ele vai mesmo disputar a eleição como candidato a governador do Estado?

Edilmo - Qualidades para governar o Ceará o Roberto Pessoa tem de sobra. A aceitação do seu nome junto ao povo também é grande, tanto que com o pouco tempo que decidiu colocá-lo à disposição dos eleitores, estamos vendo a grande receptividade que está tendo em todo o Ceará. Ele é uma opção real e muito forte! A sua efetiva concretização logicamente vai depender de alguns fatores que até janeiro serão definidos. Mas já é decisão de Roberto Pessoa se afastar da Prefeitura de Maracanaú e disputar o Governo do Estado, o que para a democracia é muito importante que o povo tenha opção de voto e principalmente com um nome tão credenciado como o dele.

A Praça - O senhor é aliado político de Marcelo Sobreira já há alguns anos. Ele o apoiou para prefeito em 2004 e o senhor votou e trabalhou por ele nas últimas eleições de deputado estadual em 2006. O senhor também votou e contribuiu na campanha da mulher dele, Miriam Sobreira, para prefeita de Iguatu em 2008. E agora, como os eleitores vão entender o quadro das próximas eleições de 2010, com o senhor e Miriam disputando um contra o outro uma cadeira de deputado estadual?

Edilmo - A parceria com o Marcelo, depois que entrei na política, começou em 2004. Até 2002 o Marcelo fazia parte do grupo formado por Dr. Hildernando, Agenor Neto, Aderilo Filho e outras lideranças no PSDB. A sua esposa Miriam Sobreira, pessoa por quem tenho grande apreço, foi inclusive a candidata a vice na chapa de Agenor Neto nas eleições que nós disputamos em 2000. Em 2002, Marcelo se desvinculou dessas lideranças e formou um grupo independente dentro do PSDB, sendo candidato a deputado estadual contra o próprio Agenor. Eu apoiei naquela eleição o também iguatuense Carlomano Marques. Nas eleições de prefeito de 2004, quando o Dr. Sá retirou a sua candidatura, o Marcelo que o apoiava passou a me apoiar. Foi aí que nasceu a nossa parceria política. Daí para frente eu apoiei o Marcelo para deputado estadual em 2006 e juntos apoiamos Cid e Ciro para governador e deputado federal. Em 2008, eu era o candidato natural de oposição para prefeito, mas por motivos já conhecidos não foi possível. Então combinamos, Marcelo e eu, em indicar o nome de Miriam para ser a candidata e acho que contribuí razoavelmente com a expressiva votação que ela obteve. Agora, quando eu decidi disputar uma cadeira na Assembléia Legislativa, infelizmente esta decisão coincidiu com a mesma da Miriam de também ser candidata. Este fato praticamente inviabiliza a continuação da parceria que durou 5 anos, que foi pautada sempre na amizade, no respeito e na confiança mútua e que eu esperava que ia perdurar por muito mais tempo. O entendimento dos eleitores deve ser de surpresa e contrariedade. Mas o que fazer? A Miriam numa entrevista na Rádio Jornal falando sobre o assunto afirmou que Iguatu é um município que tem um grande contingente eleitoral e comporta muitos candidatos. Assim sendo, mesmo contrariados, os eleitores vão ter que escolher.

A Praça - Na sua opinião, as eleições do ano que vem terão alguma influência no pleito de prefeito em 2012?

Edilmo - Sem nenhuma dúvida, sobretudo para nós, eu e Miriam, potenciais candidatos em 2012 a prefeito. Eu não quero com isso dizer que sendo eleito deputado estadual também serei candidato a prefeito dois anos depois. Não, não é meu desejo ser um deputado de dois anos. Iguatu necessita permanentemente de um filho na Assembleia para defender os seus pleitos. Mas não adianta esconder essa real possibilidade e mesmo que eu não seja candidato em 2012, por direito, quero ter participação efetiva na eleição do próximo prefeito.

A Praça - Existem especulações no município de que o senhor está aliado ao prefeito Agenor Neto. Isto tem chamado a atenção do eleitorado, sobretudo daqueles mais partidários que apóiam o seu nome. Existe algum acordo entre Edilmo Costa e o prefeito Agenor Neto para as próximas eleições no sentido do prefeito apoiar o senhor para deputado estadual?

Edilmo - São comentários maldosos de algumas poucas pessoas que tentam me desgastar diante dos meus amigos. E o que é pior é que as informações que me chegam revelam que são pessoas que até ontem me defendiam e só me elogiavam. Eu quero afirmar que não tenho com o prefeito Agenor Neto qualquer relacionamento, não nos falávamos há muitos anos. No dia do enterro da minha mãe, num gesto elogiável ele acompanhou e me cumprimentou. Nada mais do que isso. Eu nunca concordei, e continuo assim, com a sua maneira de fazer política e de administrar o município. Para mostrar que nada tenho a ver com ele, eu tenho que ficar agredindo-o diariamente através dos meios de comunicação? Não. Não faço com os outros as injustiças que me fizeram e pelas quais tanto sofri. As dores que passei na vida me machucaram muito, mas deixaram lições. E se já não guardava mágoas nem vingança no coração, hoje é que ele está livre desses sentimentos mesquinhos. Ele está cheio de paz e amor. As famílias iguatuenses estão cansadas de tantas agressões, de tanta discórdia. Eu desminto qualquer acordo com o prefeito e aviso aos “futriqueiros” e maldosos que eles não vão conseguir com mentiras me desgastar e tomar os votos das pessoas que acreditam em mim. O bem que o povo me quer nasceu e se criou forte e sincero e está encravado no peito de cada iguatuense. De lá jamais conseguirão arrancar! Eu não sou candidato de prefeito e nem de governador, sou candidato do povo! E queria fazer mais um aviso: “se qualquer eleitor de Agenor Neto quiser votar em mim, eu aceito, agradecido, do mesmo modo que o governador Cid Gomes vai fazer na próxima eleição!”

A Praça - O senhor, quando era prefeito de Iguatu, enfrentou muitas dificuldades, principalmente pela falta de investimentos do Governo do Estado no município. Naquela época, o governador do Estado era Lúcio Alcântara. Hoje, o senhor e Lúcio estão no mesmo partido. Estar no mesmo grupo de um político que lhe causou tantos dissabores no passado não vai deixá-lo numa saia justa com seus eleitores?

Edilmo - Como falou o ex-governador Gonzaga Mota, “a política é dinâmica!” E eu já falei sobre essa dinamicidade da política mostrando que aqui mesmo em Iguatu antigos aliados que hoje são ferrenhos adversários e vice-versa. Se for extrapolar a nível nacional, vemos hoje o Lula aliado do Collor, do Sarney e muitos etcs. Na verdade eu enfrentei muitas dificuldades na minha administração e uma delas foi a discriminação do governador Lúcio Alcântara. Só que neste lance, embora não justifique o ocorrido, mas é bom lembrar que nos dois anos em que o Lúcio Alcântara foi governador e eu prefeito, ele tinha ao seu lado um deputado estadual, que é o atual prefeito de Iguatu, que pelo sentimento de perseguição que é possuidor não admitia sequer que o governador me cumprimentasse. E este, acredito até que por gratidão aos votos que o Agenor lhe deu, e que foram definitivos para a sua apertada eleição, fazia totalmente a sua vontade. E mais, eu reconheço que quando o Agenor Neto era prefeito e o Lúcio Alcântara governador, ele se transformou no governador que mais realizou por Iguatu em apenas dois anos. Aí estão centenas de casas populares, o bairro do Jardim Oásis, a antiga Rua Guilherme de Oliveira e tantos benefícios trazidos para os iguatuense pelo Governo do Estado. E eu como sou uma pessoa extremamente agradecida aos que fazem por Iguatu, mesmo não fazendo por mim, adicionado à minha conhecida e já citada falta de sentimento de mágoa ou rancor é que talvez tenha perdoado e hoje mantenho com Lúcio Alcântara um sadio e respeitoso relacionamento.  

A Praça - O senhor já esteve na Assembleia Legislativa por um ano como deputado estadual. Naquele período Edilmo Costa postulava a cadeira de Prefeito de Iguatu. Com sua candidatura a deputado estadual em 2010 o senhor pretende fazer o mesmo caminho de 1998?

Edilmo - Como já falei, não quero ser deputado de dois anos. Em 1998, quando fui candidato a deputado, nunca neguei que eleito ou não eu seria candidato a prefeito em 2000 para resgatar o mandato que o povo me deu em 1996 e que a força da política institucionalizada no Ceará e no Brasil tomou. Entretanto, como já falei e repito, eu quero ter participação ativa na eleição do próximo prefeito de Iguatu! Mas hoje, o meu projeto, o meu desejo é ajudar Iguatu e a Região por quatro anos na Assembleia Legislativa.

A Praça - Quais são as maiores carências do Centro-Sul que o senhor considera pauta de debate a ser levantada na Assembleia Legislativa dos problemas que afetam a referida Região?

Edilmo - Emprego e renda são carências fundamentais desta Região. Não se pode admitir o povo viver na sua maioria, e dando graças a Deus, tendo a sua sobrevivência dependente de uma bolsa-família, cujo valor máximo com todas as vantagens e o maior número possível de pessoas da família desempregadas chega a R$ 200,00 por família! O Governo Estadual, principalmente, precisa incentivar a criação de oportunidades de trabalho no interior com a instalação de indústrias que na quase totalidade se localizam hoje na Região Metropolitana de Fortaleza. O incentivo também à agricultura que é um setor que já deu emprego e logicamente comida a muita gente na Região, hoje é somente uma lembrança dos mais velhos que ainda resistem vivendo na nossa abandonada zona rural. Sabe-se que com a “barriga cheia” as chances de doenças na população diminuem consideravelmente desafogando o setor da saúde que ao lado da educação e da segurança, inclusive com uma solução para o angustiante problema das multas e apreensões que atormenta a vida dos proprietários de motos e veículos da zona rural, sem condições de cumprir com as exigências legais, são também assuntos cujas reivindicações por soluções deverão permanentemente compor a pauta de debates na Assembleia Legislativa.