Mais de 400 pediatras assinam carta de apoio ao retorno das aulas presenciais

Um grupo de pediatras de diversos hospitais e universidades, a maioria deles de São Paulo, assina uma carta na qual dizem apoiar a reabertura das escolas com aulas presenciais durante a pandemia de Covid-19. No documento, os autores apresentam artigos científicos que mostram que o retorno às atividades escolares presenciais é seguro para crianças e adolescentes, desde que medidas de proteção individual sejam implementadas. Até a terça-feira (24), mais de 400 pediatras haviam assinado o texto. Ao todo, quase 2.000 pessoas já assinaram o documento de forma digital - pelo menos mil dessas assinaturas pertencem a médicos, segundo os autores do texto. Os organizadores da iniciativa dizem que se trata de um grupo independente de instituições de saúde e ensino. No documento, os autores argumentam que os mais jovens muito raramente têm complicações graves da Covid-19.

Avaliações em meio à pandemia

Um parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE), emitido em julho, solicitou que as redes de ensino de todo o Brasil evitem reprovar alunos em 2020, sugerindo uma diversificação nas estratégias de avaliação. A recomendação reforça a necessidade de cautela, neste momento, para evitar análises desproporcionais, apontando que as escolas devem refletir sobre o contexto geral do estudante, e não somente sobre o resultado das avaliações realizadas ao longo do ano. No caso do ensino privado, supondo que grande parte dos alunos têm as condições necessárias para o estudo, é preciso levar em consideração que a maneira com que haviam se acostumado a aprender mudou drasticamente da noite para o dia. Durante as avaliações neste formato remoto, a possibilidade de consulta foi uma preocupação frequente das instituições de ensino.

Alunos podem ‘perder’ até 60% na aprendizagem em matemática, diz estudo

Estudantes da educação básica poderão ter uma perda de aprendizagem entre 50% e 63% em matemática e entre 32% e 37% em leitura, após três meses de fechamento das escolas, medida adotada para conter o avanço da pandemia do coronavírus. A conclusão é de um estudo publicado na revista científica “Educational Researcher”, da American Educational Research Association. A pesquisa fornece projeções preliminares sobre o impacto da suspensão de aulas presenciais e usa como referência a perda de aprendizagem durante as férias do meio do ano nos Estados Unidos para simular os cenários.

Para especialista, “a interação social é o mais importante”

Em entrevista ao www.edsurge.com, Jeff Maggioncalda, CEO da empresa Coursera, falou de como a pandemia mudou os hábitos de educação. Sobre o futuro da educação fundamental e de como torná-la mais eficaz, respondeu: “Em relação às crianças entre cinco e 12 anos, boa parte do aprendizado consiste em socializar e ser cuidado por um adulto, ter um professor que te inspire e te ensine a brincar com os outros colegas. A educação on-line para crianças pode ser um recurso, mas a interação social nessa idade é o mais importante. Algo que poderia tornar a educação on-line mais eficaz é desenvolver formas de praticar o que se aprende, passando do teórico para o prático e desenvolvendo um aprendizado muito aplicado.”