Ainda o Natal de Luz

Como apresentado na semana passada neste espaço, confirmou-se o revanchismo dos vereadores da oposição de Iguatu. Em sessão tumultuada, com as galerias lotadas de populares, a Câmara Municipal de Iguatu assistiu, na última terça-feira, 02, à deprimente discussão e votação da proposta enviada pelo executivo de repasse de convênio com o Projeto Arte Criança no valor de R$ 324 mil, para realização do Iguatu Natal de Luz 2014. Insensíveis com o apelo de crianças, jovens e adultos ali presentes, a oposição, determinada a recusar a proposta, votou contra o convênio que possibilitaria o repasse.

 

Motivação

Segundo os oposicionistas, o veto se deu por duas razões. Primeira, a não apreciação de proposta de mudança no regimento interno da casa para eleição da mesa diretora, passando o voto a ser aberto e declarado. Segunda, a ausência de planilha com os custos da realização do Natal de Luz, detalhando os investimentos previstos pelo convênio proposto. Há ainda o discurso de que existem outras prioridades na saúde, educação e iluminação pública.

 

Indevido

Apesar de que a política seja a arte de debater, discutir, negociar (no bom sentido) ideias e propostas, a condição imposta para aprovação do projeto Iguatu Natal de Luz é chantagem incoerente e inadequada. A disputa pelo poder, pela presidência da casa e pela escolha dos dirigentes do parlamento mirim não pode e não deve ser motivo de barganha, uma vez que o projeto natalino beneficia centenas de trabalhadores, artesãos e artistas, principalmente crianças carentes, que participam dos desfiles, e milhares de pessoas que os acompanham e prestigiam o evento. Já os cargos na mesa diretora beneficiam apenas meia dúzia de vereadores.

 

Manipulação

Na mesma sessão que discutiu o Natal de Luz, servidores municipais se fizeram presentes na Câmara defendendo o PCCR – Plano de Cargos, Carreira e Remuneração. Embora não estivesse na pauta da referida sessão, muitos servidores aproveitaram aquele momento para pressionar os legisladores, que até ensaiaram discurso de apoio à classe. Todavia não se pode deixar levar pelo oportunismo e manipulação de quem quer tirar proveito da situação. O próprio prefeito Aderilo tem discutido com as categorias de servidores a elaboração do PCCR, inclusive participou pessoalmente, demonstrando seu caráter de valorizar o debate, de audiência pública na Câmara, quando foi questionado e respondeu às perguntas e se propôs a manter o diálogo para aprimoramento do Projeto de Lei.

 

Direito e dever

Todos os servidores públicos do município têm direito a salário digno, melhores condições de trabalho, oportunidade de ascensão na carreira. Os governantes têm o dever de zelar pelo bem comum, de valorizar o patrimônio formado pelos funcionários públicos. Todavia, os meios que levam à elaboração de leis e à discussão de sua aplicação devem ser civilizados, respeitosos e desprovidos de baderna, de extremismo e de politicagem.